O bolo A torta A mão na torta A cereja vermelhinha A maçã cortada ao meio A banana descascada O copo vazio O guardanapo usado O prato descartável A faca suja A boca lambuzada Parabéns pra você A vela acesa A vela apagada A fumaça do pavio O branco e mole glacê A toalha repuxada Sem voz A sacola murcha O choro da debutante O riso triunfante E cada um segue adiante
Vai minha poesia Leva meu verso Voa por este mundo afora Abre fendas Atravessa rios, mares e florestas Atravessa cidades, séculos e fronteiras
Não deixes a angústia abater os sábios A ignorância vencer a inteligência O estudante se apoderar da violência Palavras mágicas, não fujam de meus lábios
Vai minha poesia Dá a ela o meu abraço Tira-lhe toda hipocrisia Trá-la de volta ao meu regaço
Leva minhas palavras aos que virão Diz a eles que um amante da beleza Gostava de versar Livre leve e solto Um sonhador errante Nesta terra de gigante
Vai minha poesia Leva meu verso Por este mundo a fora.
Cotidiana
Por trás da imagem Há algo que não foi dito Um texto curto De palavras amenas Decifráveis Mas que há um texto Isso lá há Ah, se não há, hein! A imagem é simples Cotidiana Mas plena de dizeres Simbólica Quem sabe ler Pode entender Quem não sabe Só vê a imagem Ah, a imagem Que bela! Vá ver as palavras Que estão por trás dela Haaaannnnn! Valha-me Nossa senhora Até mesmo o céu duvida Cruz credo Ave Maria A te a ré, imagem bonita Que nem a bunda da cabrita.
No boteco do Joãozinho É onde passo e fico Cheiro churrasco com fumaça Cerveja e conversa fiada Que não leva a nada Pensamentos se masturbam Parece que todo mundo disfarça Entre um trago e outro Entre largos sorrisos Cada um ri de si mesmo
- Diz aí poeta, o que é o amor? - É o sentimento que quebra nossas pernas - Estou com coração quebrado O amor está nos botecos? - O amor está nos bêbados No riso disfarçado dos bêbados Está no olhar incerto dos bêbados No bambear dos bêbados No tombo acanhado dos bêbados Na roupa suja dos bêbados Na voz confusa Na filosofia e na psicologia dos bêbados Na história dramática e sem razão Na vontade louca de esquecer Aquilo de que já não se lembra mais... O amor... Oh...companheiro... foi mal Foi mal... desculpe... companheiro Foi mal... Calma... Foi mal... Toma mais um copinho... O amor não existe.
CORTADOR DE CANA S’incomode não, Menega Vento que venta lá, É o mesmo que venta cá Perde-se a questão Ganha-se a razão Já fiz a volta por cima Não sei quantas vezes Já perdi a conta Das vezes em que sacudi a poeira S’incomode não Menega Que o rio voltará a jorrar Já fui cortador de cana Já fui padeiro Já fui peixeiro Já fui enfermeiro Hoje sou funcionário público E se a poeira embaçar meu caminho Esperarei a tempestade passar S’incomode não, Menega Haverá um tempo Em que nosso verso Andará no bico de uma pomba Nas cabeças descoloridas Nas mãos calejadas Nas barrigas molhadas Nos bolsos vazios Quem não acreditar Não perde por esperar Haverá um tempo Em que a chatisse de ler Transformar-se-á no prazer S’incomode não, Menega Molhe o canteiro Que uma rosa haverá de nascer.
- Bota mais... - Hein? - Bota mais... - Já botei tudo. - Cabou? - Cabou. - Não tem mais? - Não. - Só isso? - Ué... - Huuuummmm! - Sua golosa! - Nada... - Ai ai! - ghum ghum! - ta bão? - é né! - puxa! - fazeoquê? Ai amô... Ai amô Ai amo... Ai amô AAAIIIIIIIIII!!!!!!!!
Todo lugar tem algum detalhe cultural que chama atenção para quem tem sensibilidade. Se prestarmos atenção quando visitamos alguma região, podemos enumerar uma série de valores. No campo da linguagem, no campo das tradições, até mesmo na fauna e flora, há sempre algo admirável. Quando morei em Cariacica, algumas palavras me chamavam atenção, como e há de! Usada sempre que uma pessoa queria dizer que não tem jeito, que algo seria impossível. Certa vez perguntei a um aluno em tempo de chuva se seu coleguinha da mesma rua não viria para escola. Ele respondeu: - Com esta chuva? e há de! Outra vez perguntei à diretora se haveria aula, após um feriado de quinta-feira, e lá vem ela, com um e há de! E saiu sorrindo. Outra expressão que significa uma negativa forte, como de jeito nenhum, nunca, é o vá te a ré! Numa ocasião, pedi a uma servente com alguns anos de casa, que buscasse água pra mim, ela respondeu: - Vá te a ré! E saiu zombando ironicamente. No futebol, quando um jogador cobra lateral de maneira errada, alguém grita de fora: - Você está cobrado lateral ou jogando mamão pra porco? Se alguém chuta a gol e o chute sai torto, lá vem um debochado torcedor; - Você está bom pra chutar é bunda de vaca! Oh, Cariacica!!! Depois de mais de trinta anos, fora de minha região do Vale do Itapemirim, assim que voltei trabalhando no Liceu Muniz Freire, logo no início, perguntei a um aluno se ele havia rabiscado a mesa. Ele respondeu: - Tá doido! Fui eu não... Na hora quis questionar ao menino se ele estava me chamando de doido. Mas de imediato, veio-me a lembrança de que na infância usávamos este termo constantemente. E que agora, eu estava em minha terra natal. Lembrei-me de que isso é um dialeto regional, uma expressão comum, que, no caso, significa: “o senhor está enganado.” Mesmo assim perguntei a ele: “você me chamou de doido?” Ele foi rápido na resposta: - Tá doido? Chamei não... (rsssssssss...) E assim, os alunos me fizeram lembrar de alguns termos do passado. Quando pedi que fizessem frases com verbo intransitivo, um aluno escreveu: “bateu um manga.” Estranhei o verbo bater, neste contexto, mais um vez, busquei na memória. Sim leitor, trata-se de uma frase muito usada nesta região, o verbo bater, no sentido de cair. Quando ouvimos o barulho de uma manga no chão, ou sobre um telhado, esta frase é comum. Outra coisa genuinamente de Cachoeiro é o bate aqui. Quando você conversa com um amigo e quer aplaudir o que ele disse ou mesmo quer ser elogiado, levanta a palma da mão em direção ao seu interlocutor e fala: bate aqui. Se o amigo não bater em sua mão, é como se o estivesse ofendendo. Amigo que é amigo, bate na mão do outro. Já houve casos em que um deles bateu com tanta força pra comemorar um gol que o outro foi parar no pronto socorro. De acordo com a emoção, é arriscado comemorar, assim. Amigo que é amigo arrebenta a mão do outro.
Na foto de cima, eu e minha filha Vita, na outra, estou no corredor do convento, maravilhado com este quadro histórico, tão admirado por tanta gente..
ResponderExcluirFesta de aniversário
ResponderExcluirO bolo
A torta
A mão na torta
A cereja vermelhinha
A maçã cortada ao meio
A banana descascada
O copo vazio
O guardanapo usado
O prato descartável
A faca suja
A boca lambuzada
Parabéns pra você
A vela acesa
A vela apagada
A fumaça do pavio
O branco e mole glacê
A toalha repuxada
Sem voz
A sacola murcha
O choro da debutante
O riso triunfante
E cada um segue adiante
Viajante
ResponderExcluirVai minha poesia
Leva meu verso
Voa por este mundo afora
Abre fendas
Atravessa rios, mares e florestas
Atravessa cidades, séculos e fronteiras
Não deixes a angústia abater os sábios
A ignorância vencer a inteligência
O estudante se apoderar da violência
Palavras mágicas, não fujam de meus lábios
Vai minha poesia
Dá a ela o meu abraço
Tira-lhe toda hipocrisia
Trá-la de volta ao meu regaço
Leva minhas palavras aos que virão
Diz a eles que um amante da beleza
Gostava de versar
Livre leve e solto
Um sonhador errante
Nesta terra de gigante
Vai minha poesia
Leva meu verso
Por este mundo a fora.
Cotidiana
Por trás da imagem
Há algo que não foi dito
Um texto curto
De palavras amenas
Decifráveis
Mas que há um texto
Isso lá há
Ah, se não há, hein!
A imagem é simples
Cotidiana
Mas plena de dizeres
Simbólica
Quem sabe ler
Pode entender
Quem não sabe
Só vê a imagem
Ah, a imagem
Que bela!
Vá ver as palavras
Que estão por trás dela
Haaaannnnn!
Valha-me Nossa senhora
Até mesmo o céu duvida
Cruz credo Ave Maria
A te a ré, imagem bonita
Que nem a bunda da cabrita.
SONETO DA GOZAÇÃO
ResponderExcluirDe repente do pranto fez-se o riso
Sempre, sempre e tanto
Que por mais que eu tenha juízo
Te asseguro que ninguém é santo
De repente as lágrimas sumiram
Lágrimas, pra que te quero?
Veio o riso espontâneo
Te juro, meu deboche é sincero
De repente, cortei o rabo da serpente
A lua no céu morreu de rir
Riscou logo logo a estrela cadente
De repente fugiu-me da mente
Tudo que queria dizer
De repente, amor, de repente.
FUMAÇA
ResponderExcluirNo boteco do Joãozinho
É onde passo e fico
Cheiro churrasco com fumaça
Cerveja e conversa fiada
Que não leva a nada
Pensamentos se masturbam
Parece que todo mundo disfarça
Entre um trago e outro
Entre largos sorrisos
Cada um ri de si mesmo
- Diz aí poeta, o que é o amor?
- É o sentimento que quebra nossas pernas
- Estou com coração quebrado
O amor está nos botecos?
- O amor está nos bêbados
No riso disfarçado dos bêbados
Está no olhar incerto dos bêbados
No bambear dos bêbados
No tombo acanhado dos bêbados
Na roupa suja dos bêbados
Na voz confusa
Na filosofia e na psicologia dos bêbados
Na história dramática e sem razão
Na vontade louca de esquecer
Aquilo de que já não se lembra mais...
O amor...
Oh...companheiro... foi mal
Foi mal... desculpe... companheiro
Foi mal...
Calma...
Foi mal...
Toma mais um copinho...
O amor não existe.
CORTADOR DE CANA
ResponderExcluirS’incomode não, Menega
Vento que venta lá,
É o mesmo que venta cá
Perde-se a questão
Ganha-se a razão
Já fiz a volta por cima
Não sei quantas vezes
Já perdi a conta
Das vezes em que sacudi a poeira
S’incomode não Menega
Que o rio voltará a jorrar
Já fui cortador de cana
Já fui padeiro
Já fui peixeiro
Já fui enfermeiro
Hoje sou funcionário público
E se a poeira embaçar meu caminho
Esperarei a tempestade passar
S’incomode não, Menega
Haverá um tempo
Em que nosso verso
Andará no bico de uma pomba
Nas cabeças descoloridas
Nas mãos calejadas
Nas barrigas molhadas
Nos bolsos vazios
Quem não acreditar
Não perde por esperar
Haverá um tempo
Em que a chatisse de ler
Transformar-se-á no prazer
S’incomode não, Menega
Molhe o canteiro
Que uma rosa haverá de nascer.
SEM ASSUNTO
ResponderExcluir- Bota mais...
- Hein?
- Bota mais...
- Já botei tudo.
- Cabou?
- Cabou.
- Não tem mais?
- Não.
- Só isso?
- Ué...
- Huuuummmm!
- Sua golosa!
- Nada...
- Ai ai!
- ghum ghum!
- ta bão?
- é né!
- puxa!
- fazeoquê?
Ai amô... Ai amô
Ai amo... Ai amô
AAAIIIIIIIIII!!!!!!!!
DEBOCHADO
ResponderExcluirQuanto mais se corre do problema
Mais ele cresce pra cima da gente
Se escrever e não ler
O pau vai comer
Formiga quando quer voar
Logo cria asa
Atravessa cinzas
Passa por sobre a brasa
Quem tem medo de cara feia
Não leia minha poesia
Ela jorra em desalinho
Com alguma ironia
Dizem que sou debochado
Debochado sei que sou
Que seria da vida
De quem nunca debochou
A ironia aparece
Sem ao menos querer
Só depois de olhar pra cara
De quem não gosta de ler.
Bate aqui!
ResponderExcluirTodo lugar tem algum detalhe cultural que chama atenção para quem tem sensibilidade. Se prestarmos atenção quando visitamos alguma região, podemos enumerar uma série de valores. No campo da linguagem, no campo das tradições, até mesmo na fauna e flora, há sempre algo admirável.
Quando morei em Cariacica, algumas palavras me chamavam atenção, como e há de! Usada sempre que uma pessoa queria dizer que não tem jeito, que algo seria impossível. Certa vez perguntei a um aluno em tempo de chuva se seu coleguinha da mesma rua não viria para escola. Ele respondeu:
- Com esta chuva? e há de!
Outra vez perguntei à diretora se haveria aula, após um feriado de quinta-feira, e lá vem ela, com um e há de! E saiu sorrindo.
Outra expressão que significa uma negativa forte, como de jeito nenhum, nunca, é o vá te a ré!
Numa ocasião, pedi a uma servente com alguns anos de casa, que buscasse água pra mim, ela respondeu:
- Vá te a ré! E saiu zombando ironicamente.
No futebol, quando um jogador cobra lateral de maneira errada, alguém grita de fora:
- Você está cobrado lateral ou jogando mamão pra porco?
Se alguém chuta a gol e o chute sai torto, lá vem um debochado torcedor;
- Você está bom pra chutar é bunda de vaca!
Oh, Cariacica!!!
Depois de mais de trinta anos, fora de minha região do Vale do Itapemirim, assim que voltei trabalhando no Liceu Muniz Freire, logo no início, perguntei a um aluno se ele havia rabiscado a mesa. Ele respondeu:
- Tá doido! Fui eu não...
Na hora quis questionar ao menino se ele estava me chamando de doido. Mas de imediato, veio-me a lembrança de que na infância usávamos este termo constantemente. E que agora, eu estava em minha terra natal. Lembrei-me de que isso é um dialeto regional, uma expressão comum, que, no caso, significa: “o senhor está enganado.” Mesmo assim perguntei a ele: “você me chamou de doido?” Ele foi rápido na resposta:
- Tá doido? Chamei não... (rsssssssss...)
E assim, os alunos me fizeram lembrar de alguns termos do passado. Quando pedi que fizessem frases com verbo intransitivo, um aluno escreveu: “bateu um manga.” Estranhei o verbo bater, neste contexto, mais um vez, busquei na memória. Sim leitor, trata-se de uma frase muito usada nesta região, o verbo bater, no sentido de cair. Quando ouvimos o barulho de uma manga no chão, ou sobre um telhado, esta frase é comum.
Outra coisa genuinamente de Cachoeiro é o bate aqui. Quando você conversa com um amigo e quer aplaudir o que ele disse ou mesmo quer ser elogiado, levanta a palma da mão em direção ao seu interlocutor e fala: bate aqui. Se o amigo não bater em sua mão, é como se o estivesse ofendendo. Amigo que é amigo, bate na mão do outro. Já houve casos em que um deles bateu com tanta força pra comemorar um gol que o outro foi parar no pronto socorro. De acordo com a emoção, é arriscado comemorar, assim.
Amigo que é amigo arrebenta a mão do outro.
( Aélcio De Bruim – cordelconton@hotmail.com)
olha agente ai no rio rsrs .. bjs pai ;*
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