sábado, 29 de maio de 2010




10 comentários:

  1. Na foto de cima, eu e minha filha Vita, na outra, estou no corredor do convento, maravilhado com este quadro histórico, tão admirado por tanta gente..

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  2. Festa de aniversário


    O bolo
    A torta
    A mão na torta
    A cereja vermelhinha
    A maçã cortada ao meio
    A banana descascada
    O copo vazio
    O guardanapo usado
    O prato descartável
    A faca suja
    A boca lambuzada
    Parabéns pra você
    A vela acesa
    A vela apagada
    A fumaça do pavio
    O branco e mole glacê
    A toalha repuxada
    Sem voz
    A sacola murcha
    O choro da debutante
    O riso triunfante
    E cada um segue adiante

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  3. Viajante

    Vai minha poesia
    Leva meu verso
    Voa por este mundo afora
    Abre fendas
    Atravessa rios, mares e florestas
    Atravessa cidades, séculos e fronteiras

    Não deixes a angústia abater os sábios
    A ignorância vencer a inteligência
    O estudante se apoderar da violência
    Palavras mágicas, não fujam de meus lábios

    Vai minha poesia
    Dá a ela o meu abraço
    Tira-lhe toda hipocrisia
    Trá-la de volta ao meu regaço

    Leva minhas palavras aos que virão
    Diz a eles que um amante da beleza
    Gostava de versar
    Livre leve e solto
    Um sonhador errante
    Nesta terra de gigante

    Vai minha poesia
    Leva meu verso
    Por este mundo a fora.



    Cotidiana

    Por trás da imagem
    Há algo que não foi dito
    Um texto curto
    De palavras amenas
    Decifráveis
    Mas que há um texto
    Isso lá há
    Ah, se não há, hein!
    A imagem é simples
    Cotidiana
    Mas plena de dizeres
    Simbólica
    Quem sabe ler
    Pode entender
    Quem não sabe
    Só vê a imagem
    Ah, a imagem
    Que bela!
    Vá ver as palavras
    Que estão por trás dela
    Haaaannnnn!
    Valha-me Nossa senhora
    Até mesmo o céu duvida
    Cruz credo Ave Maria
    A te a ré, imagem bonita
    Que nem a bunda da cabrita.

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  4. SONETO DA GOZAÇÃO

    De repente do pranto fez-se o riso
    Sempre, sempre e tanto
    Que por mais que eu tenha juízo
    Te asseguro que ninguém é santo

    De repente as lágrimas sumiram
    Lágrimas, pra que te quero?
    Veio o riso espontâneo
    Te juro, meu deboche é sincero

    De repente, cortei o rabo da serpente
    A lua no céu morreu de rir
    Riscou logo logo a estrela cadente

    De repente fugiu-me da mente
    Tudo que queria dizer
    De repente, amor, de repente.

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  5. FUMAÇA

    No boteco do Joãozinho
    É onde passo e fico
    Cheiro churrasco com fumaça
    Cerveja e conversa fiada
    Que não leva a nada
    Pensamentos se masturbam
    Parece que todo mundo disfarça
    Entre um trago e outro
    Entre largos sorrisos
    Cada um ri de si mesmo

    - Diz aí poeta, o que é o amor?
    - É o sentimento que quebra nossas pernas
    - Estou com coração quebrado
    O amor está nos botecos?
    - O amor está nos bêbados
    No riso disfarçado dos bêbados
    Está no olhar incerto dos bêbados
    No bambear dos bêbados
    No tombo acanhado dos bêbados
    Na roupa suja dos bêbados
    Na voz confusa
    Na filosofia e na psicologia dos bêbados
    Na história dramática e sem razão
    Na vontade louca de esquecer
    Aquilo de que já não se lembra mais...
    O amor...
    Oh...companheiro... foi mal
    Foi mal... desculpe... companheiro
    Foi mal...
    Calma...
    Foi mal...
    Toma mais um copinho...
    O amor não existe.

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  6. CORTADOR DE CANA
    S’incomode não, Menega
    Vento que venta lá,
    É o mesmo que venta cá
    Perde-se a questão
    Ganha-se a razão
    Já fiz a volta por cima
    Não sei quantas vezes
    Já perdi a conta
    Das vezes em que sacudi a poeira
    S’incomode não Menega
    Que o rio voltará a jorrar
    Já fui cortador de cana
    Já fui padeiro
    Já fui peixeiro
    Já fui enfermeiro
    Hoje sou funcionário público
    E se a poeira embaçar meu caminho
    Esperarei a tempestade passar
    S’incomode não, Menega
    Haverá um tempo
    Em que nosso verso
    Andará no bico de uma pomba
    Nas cabeças descoloridas
    Nas mãos calejadas
    Nas barrigas molhadas
    Nos bolsos vazios
    Quem não acreditar
    Não perde por esperar
    Haverá um tempo
    Em que a chatisse de ler
    Transformar-se-á no prazer
    S’incomode não, Menega
    Molhe o canteiro
    Que uma rosa haverá de nascer.

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  7. SEM ASSUNTO

    - Bota mais...
    - Hein?
    - Bota mais...
    - Já botei tudo.
    - Cabou?
    - Cabou.
    - Não tem mais?
    - Não.
    - Só isso?
    - Ué...
    - Huuuummmm!
    - Sua golosa!
    - Nada...
    - Ai ai!
    - ghum ghum!
    - ta bão?
    - é né!
    - puxa!
    - fazeoquê?
    Ai amô... Ai amô
    Ai amo... Ai amô
    AAAIIIIIIIIII!!!!!!!!

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  8. DEBOCHADO

    Quanto mais se corre do problema
    Mais ele cresce pra cima da gente

    Se escrever e não ler
    O pau vai comer

    Formiga quando quer voar
    Logo cria asa
    Atravessa cinzas
    Passa por sobre a brasa

    Quem tem medo de cara feia
    Não leia minha poesia
    Ela jorra em desalinho
    Com alguma ironia

    Dizem que sou debochado
    Debochado sei que sou
    Que seria da vida
    De quem nunca debochou

    A ironia aparece
    Sem ao menos querer
    Só depois de olhar pra cara
    De quem não gosta de ler.

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  9. Bate aqui!

    Todo lugar tem algum detalhe cultural que chama atenção para quem tem sensibilidade. Se prestarmos atenção quando visitamos alguma região, podemos enumerar uma série de valores. No campo da linguagem, no campo das tradições, até mesmo na fauna e flora, há sempre algo admirável.
    Quando morei em Cariacica, algumas palavras me chamavam atenção, como e há de! Usada sempre que uma pessoa queria dizer que não tem jeito, que algo seria impossível. Certa vez perguntei a um aluno em tempo de chuva se seu coleguinha da mesma rua não viria para escola. Ele respondeu:
    - Com esta chuva? e há de!
    Outra vez perguntei à diretora se haveria aula, após um feriado de quinta-feira, e lá vem ela, com um e há de! E saiu sorrindo.
    Outra expressão que significa uma negativa forte, como de jeito nenhum, nunca, é o vá te a ré!
    Numa ocasião, pedi a uma servente com alguns anos de casa, que buscasse água pra mim, ela respondeu:
    - Vá te a ré! E saiu zombando ironicamente.
    No futebol, quando um jogador cobra lateral de maneira errada, alguém grita de fora:
    - Você está cobrado lateral ou jogando mamão pra porco?
    Se alguém chuta a gol e o chute sai torto, lá vem um debochado torcedor;
    - Você está bom pra chutar é bunda de vaca!
    Oh, Cariacica!!!
    Depois de mais de trinta anos, fora de minha região do Vale do Itapemirim, assim que voltei trabalhando no Liceu Muniz Freire, logo no início, perguntei a um aluno se ele havia rabiscado a mesa. Ele respondeu:
    - Tá doido! Fui eu não...
    Na hora quis questionar ao menino se ele estava me chamando de doido. Mas de imediato, veio-me a lembrança de que na infância usávamos este termo constantemente. E que agora, eu estava em minha terra natal. Lembrei-me de que isso é um dialeto regional, uma expressão comum, que, no caso, significa: “o senhor está enganado.” Mesmo assim perguntei a ele: “você me chamou de doido?” Ele foi rápido na resposta:
    - Tá doido? Chamei não... (rsssssssss...)
    E assim, os alunos me fizeram lembrar de alguns termos do passado. Quando pedi que fizessem frases com verbo intransitivo, um aluno escreveu: “bateu um manga.” Estranhei o verbo bater, neste contexto, mais um vez, busquei na memória. Sim leitor, trata-se de uma frase muito usada nesta região, o verbo bater, no sentido de cair. Quando ouvimos o barulho de uma manga no chão, ou sobre um telhado, esta frase é comum.
    Outra coisa genuinamente de Cachoeiro é o bate aqui. Quando você conversa com um amigo e quer aplaudir o que ele disse ou mesmo quer ser elogiado, levanta a palma da mão em direção ao seu interlocutor e fala: bate aqui. Se o amigo não bater em sua mão, é como se o estivesse ofendendo. Amigo que é amigo, bate na mão do outro. Já houve casos em que um deles bateu com tanta força pra comemorar um gol que o outro foi parar no pronto socorro. De acordo com a emoção, é arriscado comemorar, assim.
    Amigo que é amigo arrebenta a mão do outro.


    ( Aélcio De Bruim – cordelconton@hotmail.com)

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  10. olha agente ai no rio rsrs .. bjs pai ;*

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